Caros leitores do Sacrário das Plangências, posto-lhes um poema presente na Poética das Quimeras (Selo Futurarte, Ed. Multifoco, 2012).
A obra está disponível na Livraria Cultura (clique aqui para o link) e no site da editora (clique aqui para o link). Há agora também o e-book da Poética das Quimeras (clique aqui para comprá-lo na Amazon.)
AUTORRETRATO
Sou
daqueles infortunados
Cujo
semblante é seco, tristonho...
E se
rio, são pelos ledos fados
Das esperanças
tredas do meu sonho.
E se
rio, meu estranho sorriso
Tem
a marca mais enegrecida:
Pois
aparentando humano viso,
Flerta
com os dos que não têm vida.
Minha
boca é seca de beijos,
Talvez
orvalhada de quimeras.
Diz
ao meu peito imensos desejos,
Mas,
a si mesma, não diz primaveras.
São
tristes, meu Deus, esses lábios
Que
sonham com o que já é morto.
São
tristes, conformados! São sábios,
Pois,
sabem d'Amor o sublime porto.
Olhos
sentenciados a sofrer
Do
pranto terrivelmente infindo.
Ao
Sono, eles pedem pra adormecer,
Mas
aos tormentos d'alma vão caindo.
Olhos
que fitam o que é Santo,
Sonhando,
lastimamente, sonhando:
Ah!
Mesmo a mágoa tem encanto
Quando
vem a lembrança, cintilando.
E
como são macilentas, vãs, as mãos
Que
meus braços elevam ao sonhar...
Talvez
pensando em todos os vãos
Da
vida que ao Sonho irão fanar.
Mãos
que, quando tocam a minh'alma,
Sentem
toda a sua triste dor,
Que
podem versar algo que acalma
Toda
a mundana visão de horror.
Sou
o anelo que veste tristezas
Na
dor imperial do Ocaso...
Que,
absorto, contempla belezas
Que desdenham do meu sentir não raso...
Abraços,
Cardoso Tardelli
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