domingo, 4 de julho de 2010

Saudades - Cardoso Tardelli

Caros leitores do Sacrário das Plangências, posto-lhes um poema presente na Poética das Quimeras (Selo FuturarteEd. Multifoco, 2012).

A obra está disponível na Livraria Cultura (clique aqui para o link) e no site da editora (clique aqui para  link).  Há agora também o e-book da Poética das Quimeras (clique aqui para comprá-lo na Amazon.)

SAUDADES - Cardoso Tardelli

Sozinho, numa lúgubre noite de luar
Pálido, como mortas esperanças da vida,
Vi-me na negra solidão a clamar
Pela luz na minh'alma esquecida.

Pois no Sacrário do fulgente sonhar,
Que meu coração tornou em enegrecida
E lânguida ruína, restou seco prantear
Que uma vez bálsamo foi à ferida.

E na noite tão taciturna - absorto -
Hesitei em abrir minh'alma, mas o fiz;
E um fulgor causou-me atroz desconforto.

Disse eu: “Alegre sou quando tu sorris!”
Minh'alma respondeu: “Teu presente é morto...
Tens saudades da quimera de ser Feliz?”

10/06/2010

Abraços,
Cardoso Tardelli

4 comentários:

  1. E aí, Caio:

    "Lúgubre noite de luar", "mortas esperanças da vida", "Lânguida ruína".

    Posso chamar de "Romantismo Tardio"? Um tanto retrô, mas há sua beleza.

    Um forte abraço.
    Ari.

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  2. J.a pelegrina, perdão pela extrema demora da resposta. Vou habilitar no blogger, se tiver, algo que me avise quando eu receber comentários. Não julgo minha poesia como "Romântica", mesmo tendo eu uma inspiração do Romantismo muito grande - sendo que ela se amplia às três gerações desse estilo no Brasil, além do Romantismo Inglês. Não pretendo escrever "Romantismo Tardio", "Simbolismo Tardio", ou "neo-Romântico/Simbolismo", que seja. Não creio em vocabulário tardiamente utilizado - e, a partir da hora que adotei a Rima, não necessariamente a métrica - creio que a rima tem de ficar à mercê do poeta, não o contrário. Por isso, o vasto vocabulário é necessário. Creio que cada poeta tem de escolher o vocabulário para atingir o seu objetivo em suas obras. E, ante ao péssimo vocabulário que vemos em nossas ruas, não vejo mal algum em escrever num vocabulário mais abrangente.

    Abraços e perdão, novamente, pela demora.

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  3. Caio:

    Quando eu disse tardio, não quis dizer ultrapassado - e sei que você compreende isto. Não importa se criamos trovas ou poesia concreta. Importante é criar com autenticidade poética. Seu estro poético dita ao seu coração o que sua razão vai construir (Isto é o que penso a respeito de qualquer autor genuíno - João Cabral e Drummond nunca concordaram a respeito disto [inspiração X construção]. Manuel Bandeira espinafrou os Parnasianos - Precisava? Por que não criar Sonetos Simbolistas, Poesia-Processo, Poesia Concreta ou saborosíssimas Cantigas de Maldizer? Sobretudo,boa parcela de nossos políticos são dignos de protagonizarem versos de escárnio e maldizer.

    Seus versos que destaquei e "rotulei" de romantismo tardio compõem a beleza do soneto que você criou. E o que seria de nós sem os rótulos que colamos e que nos são colados?
    Então, Caio, aproveite e rotule "ad libitum": http://bloggaio.blogspot.com.

    Um forte abraço.

    Ari.

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  4. Ari,
    Vi o seus comentários com uma demora imperdoável, novamente. Eu compreendi o que você quis dizer. Quanto à construção poética, creio que ela tem de ser natural. No meu caso, a métrica não é colocada acima do conteúdo. Uma "tese" sobre construção poética será sempre subjetiva: a essencialidade da construção é que ela não tenha escolhos ao pensamento fluido. Se o poeta o faz num soneto, em quartetos, em dísticos: o conteúdo será o vangloriado.


    Abraços,

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