sábado, 24 de novembro de 2012

Sugestões de Leitura - Parte VIII

Caros leitores do Sacrário das Plangências, dando continuidade à série de "Sugestões de Leitura", eis que lhes sugiro um livro de prosa francesa e dois de poesia - sendo um alemão e um brasileiro, todos com edições atualizadas. Ei-los:

JORIS-KARL HUYSMANS - Às Avessas. Trad. José Paulo Paes. Editora Penguin - Companhia das Letras. Primeira Edição, 2011, São Paulo. 351 páginas.

Huysmans se configurou numa das maiores figuras do Decadismo Francês. Em Às Avessas, Huysmans, afastado, finalmente, do Naturalismo liderado por Zola, escreve, de certa forma, uma bíblia dos arquétipos dândis e decadentistas que haviam em Paris, em pleno clima "fim do século" (vide o caso real de uma tartaruga com o seu casco pintado a ouro) - tudo espelhado no único personagem da obra - Des Esseintes - cujas posturas aristocráticas, artificialistas (como antítese à postura naturalista) serviam, de certa forma, para um escapismo do mundo que se formava na época - cada vez mais cientificista, ao mesmo tempo cada vez mais moralista, envolta num niilismo fatal.



RAUL DE LEONI - Luz Mediterrânea e outros poemas. Org. Pedro Lira. Editora Topbooks, 2000, 180 páginas. 
Raul de Leoni pertente à época entre o enfraquecimento do Simbolismo Ortodoxo e o início do Modernismo; uma época em que poderia-se optar por uma poesia de revolução estética ou de conservadorismo; poderia-se optar por alta influência do Parnasianismo ou do Simbolismo. E é nessa época de indefinição que Raul de Leoni se destaca (assim como, por exemplo, Augusto dos Anjos). Salvo "pelo frêmito da herança Simbolista", como definiu Franklyn de Oliveira, a poesia Leonina esbanja sentimento e uma sensação constante da "beleza poente" - tão comum no Decadentismo -, destacando-se, principalmente, pelos seus sonetos - que, tendo a chave-de-ouro (que não é pecado algum), esbanjam imagens clássicas mescladas com pungentes sensações.


STEFAN GEORGE - Crepúsculo (bilíngue). Seleção, ensaio e tradução: Eduardo de Campos Valadares. Ed. Iluminuras, 2012. São Paulo, 240 páginas.

Esta edição, que é a segunda segunda da tradução de Eduardo de Campos Valadares, esbanja qualidade em todos os pontos possíveis (talvez só no ponto gráfico poderia ser melhor), tanto que, em crítica, tem sido elogiada de maneira unânime. Stefan George, maior Simbolista alemão, um dos três maiores Simbolistas da história, segundo o francês Roger Bastide (os outros são Stéphane Mallarmé e o nosso Cruz e Sousa), obteve influência em vários ramos artísticos e políticos (como se pode ver neste post) e, além disso tudo, escreveu em sua obra verdadeiros clássicos da poesia mundial, como "A Palavra Ilude - e Some..." e "O Homem e o Druida".  Por tudo o que significa, e pela qualidade da tradução (convenhamos que a Língua Alemã é muito diferente da Portuguesa; o método de tradução está expresso na seção "A Voz e seus Ecos"), este livro não somente é necessário aos amantes do Simbolismo - mas aos amantes da poesia geral.


Caros leitores, finda está aqui a sétima parte desta série. Boa leitura!
Abraços,
Cardoso Tardelli

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