quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Cultura Gótica, a Literatura e as Confusões

Caros leitores do Sacrário das Plangências, este post parece-me extremamente importante, tendo em vista que o termo "Gótico" tornou-se corriqueiro nos dias atuais. Pergunto-me, porém, faz-se justiça ao real sentido do termo "Gótico"?

Em qualquer busca em dicionários, o termo "Gótico" é definido como "Relativo aos Godos", ou "bárbaro". Resumindo-se, e sem muita ênfase em tal parte, o povo Godo, de origem Germânica, foi conhecido por atacar o Império Romano por volta do Século IV, sendo muito conhecido pela crueldade de seus ataques. Daí a derivação "bárbara" do termo "Gótico".

Continuando com a análise, por enquanto, bem longe dos tempos atuais, na Idade Média, têm-se a construção das magníficas catedrais Góticas. Sabe-e que, diante das Românicas, elas eram

extremamente iluminadas e amplas. Mesmo que muitos analisem o sentido do nome "Gótico" em tal contexto como um sentido de fuga da arquitetura regente, ganha-se um significado também de, não somente bárbaro, mas "que traz mais luz", pois isso é que visavam os arquitetos das Góticas Catedrais, tal como moldarem suas torres em altíssimas e esplêndidas formas, para que "mais próximos de Deus" estivessem.

Dadas tais informações, volto-me a mente ao presente, ainda garimpando algumas coisas consideradas da "Cultura Gótica" por muitos que no passado foram escritas. Em jornais, revistas, TVs, enfim, em qualquer veículo de mídia vemos pessoas julgando obras como a saga "Crepúsculo", "Diários do Vampiro", "True Blood" (convenhamos, os livros pouco tem de atrativo comparados à série), entre outras, como a nova geração da Literatura e da Cultura Gótica. E tais veículos de mídia fazem propaganda à castidade de Edward, o vampiro-protagonista de Crepúsculo, como a nova geração de Românticos. Confundiu-se tudo, porém, nessas teorias da mídia.

Como já disse, o termo Gótico tem um sentido ambíguo, pois, inegavelmente, ganhou sentido de taciturno com o passar do tempo. Porém, não deixou de ter o sentido que tinha pelos tempos das Catedrais Góticas. Ao mesmo tempo do enegrecer, há a fulgência.

Quando a Cultura Gótica se tornou uma cultura de massa - já em seus primórdios como grupo-social - começou-se a fazer a confusão de que tudo "obscuro" envolvia o Gótico, e tal "Sociedade sub-urbana", acabou por incorporar autores, pintores, compositores, enfim, para o seu "repertório do movimento", que acabou se tornando grande. Tal osmose pelos góticos só aumentaria com a chegada dos controversos "neo-góticos".
Continuando nesse ponto, nem tudo que tem de temática vampiros, paixões e morte é gótico. Principalmente quando tais temas são tratados de formas simplórias e comerciais como tem sido por tais livros que foram citados aqui anteriormente.

Então vamos dividir em três subtítulos para eu ter a possibilidade de exemplificar o que seria, no meu conceito, e de especialistas que citarei no final o que seria, ou não, uma literatura gótica de fato. Soará estranha essa divisão, mas no final se encaixará perfeitamente:

Literatura Gótica de Amor: Falar de uma literatura gótica sem tratar de amor parece absurdo, e, de fato, é. E não necessariamente precisa-se misturar Morte e Amor, Sadismo e Amor, quando tratamos do Gótico. Mas, naturalmente, pelo estilo trágico de muitos autores, tais temas encontravam-se. Poemas de Amor por grandes Românticos, como Goethe, tal como sua obra inesquecível Os Sofrimentos do Jovem Werther (e, por favor, sem devaneios que várias pessoas se mataram por causa dele. Como já disse em outro post, discernimento é essencial para analisar poetas, escritores e o que envolve as suas obras). Porém, é só escapar um pouco da temática de amor e partir para a Clássica, que Goethe já foge do que poderíamos chamar duma literatura Gótica.
Outros, como Byron, Shelley, Keats, os brasileiros Álvares de Azevedo e Fagundes Varela, poderiam, tal como Goethe, ter grande parte de sua obra classificada como dentro dos parâmetros da Cultura Gótica. Mas, em TODOS esses poetas há obras que fogem totalmente da cultura gótica. Justo seria julgá-los como "Góticos"?

Literatura Gótica de Morte: Tal como os já citados acima, Castro Alves escreveu sobre amor, sobre morte - que lhe afligia tão prematuramente -, porém, ganhou fama por ser o "Poeta dos Cativos", em seus poemas a favor da abolição da escravatura. Em seu primeiro livro, e único publicado em vida, Espumas Flutuantes, há temáticas mórbidas tratadas de maneiras tão aflitivas quanto Álvares de Azevedo o fez. Tal como Cruz e Sousa, que a morte, abismos, infernos, o fatal destino da matéria humana cantava. Alphonsus de Guimaraens era sublime em seus cantos de Morte. Ele próprio julgava ser o "trovador do amor e da morte". Mas todos eles tinham grande parte de sua obra alheia à cultura.

Literatura Gótica Vampírica e de Terror: Agora sim parece que não há maneiras de se escapar de julgar a obra de determinado autor totalmente gótica. Tenhamos calma, porém. O livro em que há o maior número de elementos góticos, mesmo que tal "cultura" não existisse, é Drácula, de Bram Stoker. Lá há o terror, o suspense, a morte, os cemitérios, o amor (que Copolla pisou na bola ao exagerar e inventar praticamente uma nova história em sua versão cinematográfica do livro) e há sangue, que, pasmem, é inevitável a um filme de vampiro. Carmilla, de Le Fannu, uma das obras que, acredita-se, tenha servido de grande influência a Stoker para o seu Drácula, há o medonho, o lesbianismo e a primeira aparição na literatura de horror do símbolo "gato preto" (que sugava, no caso, o sangue de suas vítimas). Isso tudo, tenha-se em vista, no século XIX e XX. No caso de Frankenstein, de Mary Shelley, o horror causado foi por ele ter sido escrito por uma mulher.
O genial Edgar Allan Poe, com seus contos de terror e com suas poesias rebuscadas e lúgubres, sempre foi considerado um expoente da literatura gótica. Mesmo com sua vida repleta de polêmicas, muitas delas lendas criadas post-morten, não foi o túmulo em pessoa que muitos o julgam ter sido. Aliás, com o conto O gato preto, popularizou-se definitivamente tal símbolo na literatura de terror.
Vejam que estou analisando, somente, literatura não-contemporânea. Há, nos ventos atuais, a ótima Anne Rice, com suas Crônicas Vampirescas - já finalizadas, inclusive.

Em todos os livros que eu citei, há os elementos Gótico do horror, do amor, da morte - seja ela mortal ou não. Mas em todas esses livros, tais questões são dadas com pungência e profundidade que não vemos nos livros julgados góticos atuais.

Com exceção, talvez, no Vampirismo (mesmo assim, todos sabemos que lendas de seres que se alimentam de sangue humano existem há milhares de anos), os temas de Amor e Morte - e Horror, dado pelo suspense -, são tratados há tantos anos que julgá-los como exclusividade da Cultura Gótica é praticamente dar um conceito há obras que foram constituídas numa época cujo conceito sequer existia.
A pergunta feita em itálico na "literatura gótica de amor" não foi ao acaso. Dando o exemplo de Álvares de Azevedo, como pudemos ver na postagem "O Poeta, o Homem e a Lenda - Parte I". Maneco foi extremamente moldado para ser o Arquétipo dos Românticos. Mas ele não o foi em vida, mesmo com o seu destino trágico (algo comum para a sua época, quando não havia antibióticos para tratar qualquer infecção, muito menos tuberculose). Grande parte de "tal culpa", pode ser atribuída à Cultura Gótica, que dedica sua leitura de Azevedo aos poemas de Amor e Morte da primeira e terceira parte (que, com certeza, são geniais) da Lira dos Vinte Anos e aos contos de Noite na Taverna. Estereotipados estão Álvares de Azevedo e seus leitores, por infortúnio de opinião.
E pior: a partir da hora que julgam Edward, de Crepúsculo, um Romântico à la Álvares de Azevedo, cometem dois erros: o primeiro comparar um personagem fictício criado por uma autora Mórmon, que tão-somente retrata o culto pela castidade até o casamento dessa comunidade religiosa; o segundo erro é o total anacronismo de tal comparação.

Ou seja, de fato, há obras que tem uma atmosfera sombria, com requintes góticos. Mas julgar autores como símbolos góticos é uma tremenda confusão do Homem e da Obra.
O fato é que a Cultura Gótica foi moldada no sentido ambíguo da palavra. Mas hoje, infelizmente, vemos que, talvez por uma questão comercial, tem se dado um significado único ao Gótico -e às obras erradas.
Utilizou-se neste post: Gavin Baddelley - Goth Chic - Um guia para a Cultura Dark (Rio de Janeiro, Rocco. 2005) - este livro dados muito interessantes, principalmente quando analisa os filmes considerados góticos. É uma bibliografia considerável quando se quer conhecer a cultura gótica para além de músicas e mídia. Mas comete alguns erros dos quais eu comentei aqui, como "é de terror, dark, é gótico".
Livros didáticos de Literatura, como os clássicos tão usados no Ensino Médio, por Willian Roberto Cereja, cujos alguns capítulos são dedicádos à "Literatura Gótica".
Os livros dos autores citados, enfim.
Abraços, Cardoso Tardelli

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Justiça Histórica

Não é minha intenção aqui travar discussões políticas envolvendo literatos da nossa nação. Mas num ponto eu, tanto como aluno de história quanto como fã de Literatura, tinha de tocar, pois tal ponto não poderia ficar pelos ventos da História e Literatura soturnamente uivando.

E digo-lhes de quem estou comentando: Gregório de Matos. O maior poeta satírico da época do Brasil Colonial foi tenebrosamente analisado por Leandro Narloch, em seu livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil (Leya, 2009). Em mais uma tentativa frustrada de se fazer um livro de "Jornalismo Histórico" - algo já corriqueiro entre muitos jornalistas, que tentam facilitar a linguagem acadêmica dos Historiadores, mas acabam cometendo erros de Contexto Histórico, acabando num resultado terrível, tanto jornalístico, quanto histórico -, Narloch chama Gregório de Matos de dedo-duro da Inquisição, quando esta veio para o Brasil, e defendeu a tese que não havia somente um poeta Gregório de Matos, mas sim vários, que incorporavam este nome. Um dado que não pode ser escondido, neste livro nada que o Brasil teve foi bom, correto, justo ou verdadeiro. Não que tudo que aprendemos em Escolas e Cursinhos sejam fatos inegáveis, mas a história do Brasil, tal como seus grandes nomes, não é a escória que é mostrada neste livro.

Voltando ao assunto do post, sabe-se que não se assinavam as poesias e obras naquela época. Darcy Damasceno, em uma pequena análise na antologia de poemas de Gregório de Matos da editora Global, deixa claro em várias partes que, de fato, algumas partes da obra de Gregório de Matos podem sim ter sido modificadas por diversos autores, e admitir a total legitimidade de sua obra é algo difícil. Mas, independentemente disso, o fato é que, quando tratamos da sátira Gregoriana, tal como seus poemas de amor, é tão singelo o autor em seu modo de escrita e palavreado que se diferencia de todos os outros satíricos de sua época.

Narloch cita poemas com supostos palavrões que Gregório de Matos, acusando-o de linguagem chula. Esqueceu-se, porém, de pegar um dicionário que tenha os significados de tais palavras quando a língua geral - uma mistura de Português, Espanhol e Tupi - ainda era a regente nas terras coloniais. Muitas das palavras que hoje são de baixo calão, mesmo tendo sentido não muito elogioso naquela época, dava o ar da sátira.

Outro ponto da crítica absurda de Narloch é que ele, enfáticamente, diz que Matos escrevia contra negros, cristãos-novos e pobres - e dá exemplos de poesias com tal conotação. Nota-se duas linhas em que Narloch diz que é natural para alguém da época isso, porém, a ênfase dada anteriormente deixa tamanha nódoa que somente uma análise profunda da sociedade colonial da segunda metade do século XVII poderia retirá-la, com esforço ainda. O curioso desta passagem citada, aliás, é que as obras que ele sempre cita, timidamente, como "atribuídas" a Gregório de Matos são dadas num teor que nos leva a entendê-las como somente de um homem. E, de fato, devem ser. Mas o teor dado no texto de Narloch praticamente coloca Gregório de Matos como um opositor dos bons costumes, dando a ele uma posição de vilão na literatura brasileira. Falta aqui, como quase em todo livro de "Jornalismo Histórico" (principalmente os "by redatores da Veja"), além de bom senso, um Guia Prático - se é que isso existe - de Contexto Histórico ao autor.

Vamos à derradeira parte, e a mais um erro tenebroso de uso de bibliografia de história - que, neste caso, foi usada, tão-somente, no sentido de escrachar o poeta baiano do século XVII. O "carro-chefe", digamos, da parte em que Narloch analisa é evidenciado pelo título de tal fragmento do capítulo destinado da "desmascarar os autores brasileiros": "Gregórios de Matos era um dedo-duro", secamente avisa o título. Dedo-duro, no caso, da inquisição, como já dito, que ao Brasil veio duas vezes. Vendo a bibliografia de Narloch usada nesta parte, somente faltou a essencial para qualquer pessoa que quer tratar de Inquisição no Brasil: Ronaldo Vainfas, Bruno Feitler (que já publicaram conjuntamente o livro A Inquisição em Xeque: temas, debates, estudos de caso (Ed. da Universidade Estadual do Rio de Janeiro), entre outros autores historiadores, cuja missão é desvendar as duas vindas da Inquisição Portuguesa ao Brasil. E aqui não se faz corporativismo, algo que repudio, somente é defendido o pressuposto que, se a análise, por menor que seja o teor acadêmico dela, propõe determinado assunto - que se use as melhores bibliografias para que ela fique de qualidade majestosa.

Porém, não foi o que vimos em o Guia politicamente Incorreto da História do Brasil, que poderia, muito bem, se chamar de Guia Prático dos Portadores da Síndrome de Vira-lata do Brasil. Tal como a Revista em que o autor deste livro escreveu durante um bom tempo.

domingo, 4 de julho de 2010

Saudades - Cardoso Tardelli

Caros leitores do Sacrário das Plangências, posto-lhes um poema presente na Poética das Quimeras (Selo FuturarteEd. Multifoco, 2012).

A obra está disponível na Livraria Cultura (clique aqui para o link) e no site da editora (clique aqui para  link).  Há agora também o e-book da Poética das Quimeras (clique aqui para comprá-lo na Amazon.)

SAUDADES - Cardoso Tardelli

Sozinho, numa lúgubre noite de luar
Pálido, como mortas esperanças da vida,
Vi-me na negra solidão a clamar
Pela luz na minh'alma esquecida.

Pois no Sacrário do fulgente sonhar,
Que meu coração tornou em enegrecida
E lânguida ruína, restou seco prantear
Que uma vez bálsamo foi à ferida.

E na noite tão taciturna - absorto -
Hesitei em abrir minh'alma, mas o fiz;
E um fulgor causou-me atroz desconforto.

Disse eu: “Alegre sou quando tu sorris!”
Minh'alma respondeu: “Teu presente é morto...
Tens saudades da quimera de ser Feliz?”

10/06/2010

Abraços,
Cardoso Tardelli

sábado, 3 de julho de 2010

O Poeta, o Homem e a Lenda - Parte I

Caros leitores do Sacrário das Plangências, não estranhem o título deste post. Não falarei de um poeta, somente, nem só sobre de poetas de um estilo. Mas falarei de alguns poetas idealizados pelos seus leitores, que veem, em sua poesia, um reflexo do homem que a escrevia.

Soa muito natural, inclusive para mim, falar: "Uma poesia reflete a pessoa que a escreve e suas ânsias". Porém, todos sabemos que, durante anos, muitos escreviam baseados em estilos prefixados por uma escola literária, não somente estruturalmente, mas temáticamente. Naturalmente inclinados, então, ficavam os poetas aos temas trabalhados pelas Escolas Literárias.
Obviamente, por exemplo, o Romantismo Brasileiro foi diferente do Europeu, mesmo na Segunda Geração - que por mais influência de Byron, tinha em Álvares de Azevedo um Irônico e Sarcástico, na segunda parte da Lira dos Vinte Anos; tinha em Fagundes Varella um defensor da tão nova nação, com uma poesia já despontando para o condoreirismo de Castro Alves, e também com uma poética religiosa; tinha em Casimiro de Abreu um cantor da pátria, da infância e, poucas vezes, da morte.

Na segunda geração do Romantismo, criou-se mitos sobre os poetas, principalmente sobre um, o único Romântico que se iguala a Castro Alves em qualidade lírica - nas obras que julgadas ótimas são -, porém não tão reconhecido por ter o estériotipo de um Romântico Byrioniano: Álvares de Azevedo.

Utilizando como fonte e bibliografia cartas de Azevedo, o livro Formação Histórica de São Paulo, de Richard Morse (Difusão Europeia do Livro, 1970), e a própria obra de Maneco - como era conhecido por alguns o poeta - podemos nos desprender da imagem que por muito tempo foi moldada.
Analisar-se-á, em primeiro lugar, a cidade de São Paulo da metáde do Século XIX e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco. Para tal, o livro de Richard Morse é de serventia sublime.

São Paulo tudo deve a Academia de Direito do Largo do São Francisco. Segundo Morse, "O período de 1830 a 1845 representa esquematicamente uma época de indecisão, de irrealização, de mal-estar, de possíveis promessas futuras. Continuavam ativos os catalisadores da década de 1820. A Academia de Direito se firmava, embora declinassem as matrículas (...)". O fato, segundo ele, é que estava havendo um "mal-estar pós-colonial" na cidade de São Paulo. Com a chegada da Academia de Direito, jornais começaram a circular na cidade, assim como um número de estudantes de várias regiões do Brasil migravam à São Paulo em busca do estudo de Direito. Com isso, a antes Colonial São Paulo, tornou-se, pouco a pouco, uma cidade com a fremência concentrada no "triângulo do centro": Sé, Largo do São Francisco, Largo São Bento. (MORSE, 1970). O que era antes uma cidade meramente tediosa, colonial, tornou-se uma cidade estudantil.

Para dados meramente biográficos, Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 12 de Setembro de 1831, filho de um aluno do terceiro ano da Academia de Direito do Largo do São Francisco.
Sabe-se que Maneco perdeu prematuramente a sua irmã, cuja ligação afetiva do poeta era grande, o que lhe inspirou, provavelmente, o poema "Anjinho", da primeira parte da Lira dos Vinte Anos.


Começa-se, então, a partir de leituras de cartas, a construção do homem Mito que Azevedo tornaria-se. Uma das clássicas cartas é a do diretor da Escola que Maneco estudava, nela, o mandatário da escola diz que: "Ele reúne... a maior inocência de costumes à mais vasta capacidade intelectual que já encontrei na América em um menino da sua idade." (MORSE, 1970).

Inegavelmente, Álvares de Azevedo era culto e de capacidade extraordinária. Com menos de 10 anos, segundo Morse, já redigia cartas em Inglês e Frances com facilidade. E quando estudou no Rio de Janeiro, no ano de 1844, - na impossibilidade de cursar Direito em São Paulo pela sua pouca idade -, onde sua família morava, estudou filosofia com Domingos Gonçalves de Magalhães, que foi o percursor do Romantismo no Brasil - com seus Suspiros Poéticos, de 1836.
Em 1848, Azevedo, finalmente, matriculou-se na Academia de Direito de São Paulo. E é nessa época, que foi a época de sua produção poética, em que criou-se a imagem do casto Álvares de Azevedo, tão passada na primeira e segunda partes da Lira dos Vinte Anos.

Lendo suas cartas, porém, vemos um Manuel Antônio, e não somente o poeta. Utilizar-se-á o ótimo artigo encontrado no site: http://www.filologia.org.br/anais/anais%20III%20CNLF%2026.html#_ftnref - como fonte de algumas cartas (e também de dados), que são somente encontradas em Obras Completas de Álvares de Azevedo, muito raras, porém.

Vamos a uma parte duma carta do poeta:


"No dia 11 aqui houve o baile Acadêmico[...]. Fui ao baile - porém não dancei nem conversei com Madama nenhuma, porém achei e vi.
A Condessa de Iguaçu e a Belisária eram as rainhas do Baile. [...] A Bella tinha o vestido cinzento que lhe fazia uma cinturinha de Sílfide. No colo numa volta só lhe corria o colar de finíssimas, digo grossíssimas pérolas. Não havia dizer as pérolas aí eram o enfeite ou o enfeitado. A Belisária não vão lá entender que estava mal vestida [...]. O seu vestido era de finíssima fazenda branca toda bordada de flores de seda verde era ela a rainha indiscutível , a senhora soberana, a sultana soberba ante a qual as outras todas eram múmias, odaliscas, sombras de uma beleza sem par, era a rosa sobressaindo entre os lírios e violetas. (...)."


A Ironia e Sarcasmo tão latentes na segunda parte da Lira dos Vinte Anos, aqui ficam evidentes. No trocadílho "finíssimas pérolas" por "grossíssimas", nota-se, inclusive, uma rejeição de Maneco ao vestuário acadêmico e típico da época. O fato é que, em várias cartas, Azevedo deixava claro que São Paulo era a terra do tédio, não do furor acadêmico e juvenil.

Numa das cartas - já em suas férias no Rio de Janeiro - moldou-se uma das imagens mais românticas de Maneco: "Há uma única coisa que me pudesse dar hoje o alento que me morre. Que me morre... - disse eu; não creias que minto. Todos aqui me estranham este ano o taciturno da vida e o peso da distração que me assombra. O meu viver solitário, só no meu quarto, o mais das vezes lendo sem ler, escrevendo sem ver o que escrevo, cismando sem saber o que cismo... (1 de Março de 1850)" (MORSE, 1970).


Contudo, em cartas à sua mãe, Azevedo ironizava as jovens que diziam o português errado, como um irritante "'prôque' ". A sua irmã e mãe, tão afagadas nas poesias, não poupadas foram das cartas de Álvares de Azevedo. Reclamava ele em algumas da preguiça de sua irmã para os estudos.

Soa estranho, com certeza, aos ouvidos das pessoas acostumadas a ouvir os versos de amor e endeusamento aos arcanjos, serafins e musas pálidas, com um tom de ingenuidade jamais atingido por outro poeta nesta terra (note-se que a questão aqui não é inocência, infância e certa dose de lascividade, pois nesse quesito no Romantismo, o poeta fluminense Casimiro de Abreu foi insuperável - mesmo com os escândalos dos críticos e parnasianos), ler ironias, sarcasmos dum poeta por tantos anos julgado como casto.

Se ele participou da Sociedade Epicureia, é um mistério, mesmo por sua debilitada condição física. (A Sociedade Epicureia, resumidamente, reunia alunos da Academia de Direito do Largo do São Francisco, cujo lema era seguir a Filosofia de Epicuro, filósofo grego do período helenístico, que defendia a ausência de dor na vida e a aproximação ao prazer. Poucas informações dessa Sociedade, porém, existem. Sabe-se que os participantes auto-proclamavam-se personagens de Byron em reuniões. Muitas lendas, inclusive de necrofilia e roubos de corpos, foram encorpadas a essa sociedade. A prudência e discernimento são os maiores aliados do leitor quando o assunto é o Romantismo e Poesia Brasileira).

Uma conclusão a este post: Álvares de Azevedo foi o maior representante da Segunda Geração do Romantismo, na qual eu não gosto de chamar de Byroniana - que, por mais influência que tenha tido do bardo Inglês, não o imitava e tinha temáticas singelas em certos pontos de sua poética. Foi um dos maiores poetas brasileiros. Esses são fatos inegáveis e inexoráveis.

Porém, a imagem que se criou em cima de uma Cultura Gótica (um post que eu farei em breve), em cima de um endeusamento Romântico de nosso Manuel Antônio Álvares de Azevedo, além de não ser correta, não é necessária.

Uma leitura necessária é o próprio reconhecimento de Álvares de Azevedo sobre a diferença do Poeta e o Homem. Essa leitura encontra-se no prefácio da segunda parte da Lira dos Vinte Anos, facilmente encontrada na internet, por ser domínio público.

Mais nobre para um poeta saber que seus defeitos de homem foram relatados, do que seus méritos de poeta foram pelas gerações, tão-somente, confundidos com a sua pessoa. Dividir-se-á, o Poeta e o Homem. Podemos excluir a Lenda.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estâncias

Posto agora uma das poucas poesias minhas em versos brancos, estilo que quase já não mais escrevo. Publicado em Ecos da Alma, da Andross Editora.

ESTÂNCIAS - Por Cardoso Tardelli
Quando, na palidez de uma tarde,
Aproximas a face bela,
Faço dos meus olhos a minha mão;
Não te toco,
Eu sonho.

Quando escuto a tua voz divina
Romper os sineiros fúnebres do meu coração,
Não ouso sequer interromper-te
Por um suspirar;
Eu sonho.

Quando me fitas com teus olhos
Cor de relva,
Minh'alma ensaia um brilhar
E meu coração um pulsar:
Eu sonho.

E quando anjos murmuram no meu ouvido:
- Para que esperanças sonhadoras,
Se delas só tiras lágrimas dos teus olhos?
- Pois eu choro de esperança - Digo a eles -,
Eu sonho.

Quando o sol se deita no horizonte
E o anjo se deita em seu leito abençoado,
Penso nos teus olhos cor de relva;
E num fechar de olhos,
Eu sonho.

Sobre os Sonetos

Na poesia contemporânea - leia-se, de novos autores -, muito tem-se discutido a real função e praticidade da célebre estrutura denominada de Soneto.
O Soneto Italiano, muito utilizado no Simbolismo e Parnasianismo, contém 14 versos, sendo distribuídos em dois quartetos e em dois tercetos, com a ordem das rimas já prefixadas. A métrica no Soneto Italiano, em geral, era Decassílaba (dez sílabas) ou Alexandrina (doze sílabas).

Um exemplo desse tipo de Soneto:




Cruz e Sousa - Post Morten ( de Bróqueis)


Quando do amor das Formas inefáveis
No teu sangue apagar-se a imensa chama,
Quando os brilhos estranhos e variáveis
Esmorecerem nos troféus da fama.

Quando as níveas Estrelas invioláveis,
Doce velário que um luar derrama,
Nas clareiras azuis ilimitáveis
Clamarem tudo o que o teu Verso clama.

terás para os báratros descido,
Nos cilícios da Morte revestido,
Pés e faces e mãos e olhos gelados...
Mas os teus Sonhos e Visões e Poemas
Pelo alto ficarão de eras supremas
Nos relevos do Sol eternizados!




No Romantismo brasileiro, predominou a forma de soneto de métrica Alexandrina, com tercetos em rimas cruzadas.

Inegavelmente, seguindo-se a métrica - independentemente se for decassílaba ou não - e um esquema de rimas predeterminado, a criação de um soneto torna-se difícil, mesmo que muitos poetas fossem tão sublimes em tal forma de poema que parecesse que fosse um engenho simples(poetas como Camões, Florbela Espanca).



Um dos grandes poetas brasileiros, mesmo com controvérsias sobre o que é, de fato, a sua obra, discorreu sobre a dificuldade de um Soneto. Gregório de Matos, certa vez, num soneto, escreveu no último terceto:
(...)


Nesta vida um soneto já ditei,
Se desta agora escapo, nunca mais;
Louvado seja Deus, que o acabei.


Pegando-se sonetos contemporâneos, vemos que foram-se as métricas, as rimas - e somente ficou a estrutura essencial de 14 versos. Sem problema algum com isso, pois um poema não depende essencialmente de uma métrica, mas depende das palavras que são ali colocadas. Mas, obviamente, a músicalidade dos Sonetos, que sempre atrativo foi, acababou se perdendo com essa investida Modernista no Brasil. Neste ponto que eu queria tocar.



Um dos grandes pecados dos Modernos Artistas Brasileiros, julgavam-se assim ao menos, foi que julgavam-se novos, numa arte essencialmente brasileira. E em termos estruturais, algumas das revoluções creditádas aos modernos, muito antes, porém, já tinham sido feitas por Românticos Ingleses.

De quem digo? Percy Shelley e John Keats. Ambos, em suas curtas vidas, experimentavam esquemas de rimas em Sonetos nunca antes vistos, como, por exemplo, manter as rimas dos Quartetos nos Tercertos e, inclusive, produzir sonetos em versos brancos, cujo primeiro indício na Inglaterra foi de Edward Spenser (1552-1599). (Péricles Eugênio da Silva Ramos nos brindou de traduções fabulosas de poemas de Keats, Shelley e Byron, lançados pela editora Hedra. Os dados deste parágrafo foram tirados da análise de Péricles em "Keats - Ode sobre a Melancolia e Outros Poemas, Hedra, São Paulo, 2010").

(A imagem é um manuscrito do soneto "Brightstar", de Keats)


A ousadia Modernista na estrutura dos Sonetos não foi nada mais que uma reprodução de coisas que já haviam sido feitas na Europa tempos antes. Ousadia, talvez, soasse para quem tinha o enfadonho Parnasianismo como regente das letras brasileiras. Mas soa falaz tal ousadia quando bem sabemos que a proposta era a criação de uma poesia tipicamente brasileira, temática e estruturalmente.




Vemos exemplos interessantes de sonetos na poesia modernista, como os Sonetos do primeiro livro de Mário Quintana, A Rua dos Cataventos, que mesmo sem métrica rígida, mantém uma estrutura de rimas interessante, dando uma musicalidade à poesia. Nota-se que no ano em que foi lançado, 1940, o Soneto já havia caído em desuso.



Não escrevi aqui uma desnecessária crítica ao movimento modernista, pois inegavelmente ele obteve sucesso em sua tentativa de mudar as letras brasileiras. Porém, juntamente a isso - por vezes, inconscientemente, pois sempre viamos grandes poetas modernistas louvando alguns antigos (como Drummond elogiou Baudaleire, como Péricles Eugénio resgatou em traduções memoráveis poesias antigas, entre outros exemplos) -, levou ao limbo certas estruturas, temáticas, que, de modo algum, podem ser consideradas ultrapassadas ou incompatíveis com a época ou com o país que o poeta escreve. A nobre estrutura do Soneto não deve ser repudiada como já vi em alguns lugares, chamando-a de "limitante" e outros termos. Shakespeare é um exemplo clássico de como essa forma de poesia, quando bem usada, não é limitante, e torna o engenho poético sublime e fúlgido.
Abraços, Cardoso Tardelli - 02/07/2010

Cruz e Sousa - Parte I




Provavelmente, qualquer pessoa que já tenha passado pelo Ensino Médio e por boas aulas de literatura já deve ter, ao menos, lido algo de Cruz e Souza. E, evidentemente, confrontado-se com algumas das dificuldades enfrentadas pelo principal representante da poesia simbolista no Brasil.
Fugiremos, porém, das didáticas -às vezes falhas - e partiremos para análises com base em algumas obras de Cruz e Sousa, e de análises feitas por especialistas na poética Cruziana, como Ivone Daré Rabello (o livro em questão utilizado é Um Canto à Margem - Uma Leitura da Poética de Cruz e Sousa; São Paulo, Nankin/Edusp. 2006). Utilizar-se-á a introdução de Ivan Teixeira à edição Fac-similar de Faróis (Ateliê Editorial/FCC Edições, São Paulo. 1998), e também a Introdução de Ivone Daré Rabello à Antologia Poética - Cruz e Sousa (Ática, São Paulo. 2006).


João da Cruz e Sousa, filho de escravos - sendo que a mãe já havia sido alforriada -, teve grande sorte em sua infância de ter tido a educação tutelada dos senhores de seus pais, que não tinham filhos, e decidiram educar o então garoto João da Cruz com os moldes duma educação branca clássica. Acredita-se que o "Sousa" do nome de Cruz e Sousa foi incluído naturalmente, pois tal sobrenome pertencia aos senhores brancos que o educaram.

Durante a educação de Cruz e Sousa, surgiu uma lenda sobre o então jovem negro (como quase é inevitável no mundo poético a criação de ilusões, como, por exemplo, no Romantismo Brasileiro, da não sabida, porém ,não desmentida, castidade de Álvares de Azevedo). Perambulavam naquela época as taciturnas ideias deterministas das raças, que defendiam inexoravelmente que os negros eram inferiores intelectualmente - e para eles restavam o trabalho braçal. Um emérito professor alemão, Fritz Müller, que estava no Brasil em estudos, lecionou no colégio Ateneu Provincial Catarinense. Em uma de suas cartas, citou um brilhante aluno negro, que ia de encontro com as ideias deterministas das raças. Por muito tempo, acreditou-se, ou somente se deu crédito, de que Cruz e Sousa era o tal aluno citado. Sabe-se, porém, que Müller não foi professor do futuro poeta. (RABELLO, Ática, 2006).

Cruz e Sousa, já em sua fase de maturidade poética, enfrentou oposições da crítica e da própria sociedade. O crítico implacável, e por vezes injusto, José Veríssimo de modo algum concordava com a temática Simbolista. A questão de Veríssimo não parece transcender o gosto poético, visto que ele, após o falecimento de Cruz e Sousa, e dos esforços de Nestor Vítor para que a obra Cruziana fosse revista, reconheceu a questão do "negro bom e sofrido", porém com falhas culturais. (RABELLO, Edusp, 2006). A sociedade alfabetizada sentia-se incomodada com um negro puro, por mais eloquência e boa cultura que tivesse, exercendo, ou tentando, papéis culturais na alta sociedade. Simples datas nos ajudarão para compreender o porquê.

Como bem sabemos, a escravidão foi abolida no Brasil pela Lei Áurea no ano de 1888. Porém, sabe-se que a sociedade vivia em torno duma mentalidade escravocrata, cujo cárcere social, como bem vemos nas demonstrações de racismo hoje em dia, ainda não foi totalmente destruído. Exemplos claros de como a sociedade vivia em torno da escravidão, e que libertar-se da mentalidade escravista - que no contexto brasileiro continha predominantemente negros - não era simples, são, por exemplo, A Revolta dos Malês - que mesmo sendo feita por escravos - tinha caráter escravista. Não havia, para muitas pessoas na época, outro modo de trabalho senão o do regime escravocrata.

Os únicos livros de Cruz e Sousa publicados em vida, ambos em 1893, Missais (poemas em prosa), e Broquéis. Ambos os livros com uma marca de influência latente de Baudeleire (o poema de abertura de Broquéis - "Antífona" - tem como epígrafe versos do francês), que sendo um poeta decadista, defensor do artista na ambiguidade da palavra bizarro (digno de admiração, na forma culta; excêntrico, estranho, no informal), causava certo descorforto aos requintes da sociedade da época.

Note-se que os livros foram editados 5 anos depois de abolida a escravidão. Obviamente, além das dificuldades que o próprio estilo Simbolista encontrou no país, a poesia Cruziana sofreu, e o seu autor, inevitavelmente sofreram com a questão da mentalidade determinista e com os tenebrosos rastros, muito vivos ainda, da escravidão.

O Simbolismo, como movimento literário, demorou a ser compreendido - e até hoje não é, de modo algum, um estilo popular, nem entre as rodas literárias de novos poetas. A poética Cruziana, segundo Ivan Teixeira, não poderia ser somente ligada à temática Simbolista, pois tinha um teor metafísico. Em Faróis, nota-se esse aspecto, numa tentativa de "investigação existencial do indivíduo". (TEIXEIRA, Ateliê,1998). Entender-se-ia tais coisas... uma análise da alma, em versos de dores, de símbolos abismosos, taciturnos, lascivos, e, por vezes, satânicos, quando a República, proclamada em 1889, dava sinais de prematura fragilidade? O próprio movimento Parnasiano, que tinha maior destaque e prestígio, tinha certa função na fixação duma República. Olavo Bilac, o maior Parnasiano brasileiro, foi um dos apoiadores e propagadores da ideia do exército obrigatório.

A poética Cruziana foi redescoberta na década de 1940, pelo francês Roger Bastide, que no intento de buscar uma poesia afro-brasileira, foi ao encontro da poesia de Cruz e Sousa. A sua análise, em Quatro Estudos sobre Cruz e Sousa, talvez foi a primeira que deu valor ao simbolismo Cruziano e, principalmente, colocou a poesia acima do homem-poeta. Ou seja, deixou a dolência do viver de João da Cruz e Sousa em segundo plano, e analisou-se, finalmente, a poesia, tão-somente.

O itálico em poesia afro-brasileira não foi à toa. Encerro esta longa primeira parte de uma despretensiosa análise sobre Cruz e Sousa e sua época com o mesmo trecho que Ivan Teixeira, na apresentação do fac-similar de Faróis, usou para demonstrar o que Cruz e Sousa considerava o fado de um poeta afro-brasileiro. Tal trecho é de "Emparedado", em Evocações.

“Artista! Pode lá isso ser se tu és d'África, tórrida e bárbara, devorada insaciavelmente pelo deserto, tumultuando de matas bravias, arrastada sangrando no lodo das Civilizações despóticas, torvamente amamentada com o leite amargo e venoso da Angústia!”.

Encerrada está aqui a primeira parte.

Abraços, Cardoso Tardelli. 02/07/2010

Agradecimento

Agradeço à Thainá, do blog Gavetas Reviradas (http://gavetasreviradas.blogspot.com/), por ter me ajudado com o banner do Blog - pois em Photoshop, o que sabia, não o sei mais.
Ajudou-me também a moldar o layout no blog - o que, inevitavelmente, é importante para a reação do leitor no impacto texto/visual.

Enfim,

Abraços, Cardoso Tardelli.